Arte em Revista

Monday, September 26, 2005

Eu indico

Júnia Leticia

O cantor, humorista e ator mineiro, Saulo Laranjeira, em entrevista expôs suas impressões sobre a arte em Minas. Feliz com volta do Arrumação à TV este mês, ele se mostrou um pouco apreensivo com relação ao pouco espaço que têm os artistas mineiros para divulgar seu trabalho. Entretanto, com mais de 20 anos de carreira, o artista se diz predestinado à Arte.

Em sua vida, ele afirma que não impôs limites ao seu trabalho artístico. “Quando ocorreram as barreiras, não desisti, porque minha existência estava ligada à Arte. Ela sempre foi o alimento da minha alma, do meu físico, da minha intelectualidade, da minha espiritualidade.”

Na indicação de obra literária, o artista escolheu Grandes Sertões Veredas, de João Guimarães Rosa. O livro, segundo Saulo, se relaciona às suas origens em Pedra Azul, município do norte de Minas. "Trabalhei durante três anos com Lima Duarte em uma peça que se inspirava na obra de Guimarães Rosa." Além disso, conviveu com Manuelzão, "personagem vivo" do autor, o que contribui para a composição de seus personagens.

Eu indico: Saulo Laranjeira
Livro: Grande Sertão Veredas
Escritor: João Guimarães Rosa
Ator: Lima Duarte
Atriz: Fernanda Montenegro
Humorista: Chico Anysio
Diretor de cinema: Walter Sales Júnior
Diretor de teatro: Antunes Filho
Diretor de TV: Jorge Fernando e Jayme Monjardim

MIC: seis anos dedicados à arte popular

Júnia Leticia

A cultura popular comemora os seis anos do Movimento Interregional de Cultura (MIC). Formado por um grupo de pessoas ligadas ao mundo das artes, o MIC, por meio de apresentações em praças, populariza a arte. Todos os domingos, os integrantes do MIC se reúnem pela manhã (de 10 às 14h) no Parque Cidade Nova e à tarde (de 15 às 19h) no Parque Guilherme Lage. Segundo a coordenadora do Movimento, Dirce Kuchler, a transformação da sociedade tem de passar pela cultura.

O músico sergipano Jorge Dissonância, que há três anos faz parte do MIC, acredita que a popularização da arte faz com que a sociedade seja mais solidária. Segundo ele, a partir do momento em que as pessoas que estão nas ruas percebem que alguém se preocupa com elas, passam a respeitar o próximo. A coordenadora do Movimento exemplifica o que diz o músico, por meio do relato de um morador de rua. Perguntado se estava gostando de um evento promovido pelo MIC, ele respondeu: “Está tudo muito bom, mas o que eu estou gostando mais é do carinho.”

O Movimento não está ligado a nenhum órgão. Sendo assim, necessita de parcerias para a realização de seus projetos. A fotógrafa pernambucana Eliane Velozo – que também participa do MIC – ressalta que para a realização das oficinas artísticas, eles necessitam de doações. “Não temos um grande patrocinador, mas acabamos por precisar de muito pouco, já que a maioria dos artistas trabalha voluntariamente.” Sendo assim, muitas vezes o Movimento não consegue divulgar seus eventos, por falta de cartazes. E, apesar de completar seis anos de existência este ano, não possui sequer uma sede.

Artistas que gravaram CDs por meio do MIC:

- Grande viagem de luz – Paulo Mourão
- O giro da roda de fogo – Luiz Marques
- Cavaleiro da lua – Sérgio Villard
- Brinquedo – Triângulo trio
- Euforia natural – Carlos Magno
- Bem H2O – Jorge Dissonância
- Caipe – Jorge Dissonância

A arte de Caxi Rajão

Júnia Leticia

As montanhas mineiras servem de inspiração para que o violonista, arranjador, produtor e compositor Caxi Rajão desenvolva seu trabalho. Mineiro de Conceição do Mato Dentro, o músico instalou seu estúdio Nas montanhas em São Sebastião das Águas Claras, povoado do Município de Nova Lima. O estúdio foi construído pelo instrumentista para que ele pudesse continuar na música.

Nos seus 15 anos de carreira, Caxi Rajão gravou dois CDs: Espelho (1996) e Violão Amigo (2000). Em suas obras predominam a música instrumental brasileira, o baião, o choro, o samba, o maracatu, a valsinha e a bossa nova. Em abril deste ano, o artista foi premiado com a sexta edição do Troféu Pró-Música, graças à sua atuação no projeto Violões do Horizonte. O show, que lotou o teatro Alterosa no ano passado, teve somente uma exibição. Segundo o músico, a falta de patrocínio impediu outras apresentações.

Idealizado por Carminha Guerra, do selo Karmim, Violões do Horizonte teve a participação, além de Caxi Rajão, dos músicos Gilvan de Oliveira, Geraldo Viana, Weber Lopes, Beto Lopes e Juarez Moreira. “Carminha Guerra teve a idéia de juntar os seis violonistas e fazer uma homenagem a Toninho Horta, considerado por nós uma grande fonte de inspiração.”

Caxi Rajão, que já tocou ao lado de Beth Carvalho, Jair Rodrigues, Paulinho Pedra Azul, Ana Cristina, dentre outros talentos, espera em breve retomar as apresentações de Violões do Horizonte, por meio da Lei de Incentivo à Cultura. “Hoje em dia, nós (os seis músicos juntos), já temos mais de 25 anos de carreira. Já investimos tudo que tínhamos de investir. Atualmente temos que colher os frutos.”